domingo, 29 de março de 2009

O artista no Brasil e a Peleja Pública - editais


O logotipo APIC ! surgiu em conseqüência de problemas relacionados com exposições de artistas plásticos em instituições públicas. No Brasil é muito comum o artista ser responsável pelos custos do transporte, seguro, fotografias, elaboração do catálogo, coquetel, e muito raramente há algo que se aproxima de um justo pagamento pela exposição. Muitas vezes seus trabalhos são danificados ou roubados. Os artistas são freqüentemente “convidados” a fazer doações de trabalhos para coleções públicas onde, muitas vezes, são perdidos ou danificados. Nesses casos, o artista não apenas fornece um serviço público grátis, mas arca com os custos para apoiar uma instituição pública. Em tamanho clima de desrespeito e negligência, se faz necessário levar a público qual é o verdadeiro custo de uma exposição para os artistas.
A legenda Apic! (Artistas Patrocinando Instituições Culturais) foi concebida no ano de 2001 pelos artistas Maria Lucia Cattani e Nick Rands, que vivem em Porto Alegre e têm considerável experiência de expor, curar e trabalhar em instituições culturais no Brasil e na Inglaterra.(...)
(...)1.Dentro da maioria das profissões é aceito que haja uma correlação entre status e remuneração. É aceito que, se você estudou por vários anos, capacitou-se e desenvolveu suas habilidades, você deve receber uma razoável remuneração financeira quando começa a usar dessas habilidades num contexto profissional. Além disso, ao ganhar experiência e/ou reputação é aceito que isso seja levado em conta na taxa ou preço que você determina”2. Muitos artistas profissionais estão relutantes a participar de exposições em espaços públicos devido aos custos e à falta de respeito ao seu trabalho. Julgam não haver correlação entre o serviço que eles prestam à comunidade como profissionais experientes com o que lhes é oferecido pela instituição pública. A falta de apoio financeiro para as exposições pode levar os espaços públicos a serem depositários de artistas amadores, que ficam satisfeitos em expor sob qualquer circunstância.
No momento, muitos artistas não têm alternativas a não ser aceitar esta situação e procurar patrocínio para cobrir os custos das exposições, colocando o logotipo do patrocinador no material de divulgação. Em vista disso, estes artistas são encorajados a usar o logotipo APIC ! e a fazer circular livremente o perfil do que quer dizer APIC !. Ao usar o logotipo no material de divulgação, o artista está indicando que muito dos custos da montagem da exposição foram por ele pagos, e que ele não recebeu pagamento por seu trabalho. Os artistas também são encorajados a fazer campanhas locais ou nacionais para um tratamento mais justo, isto é, por pagamentos de taxas e despesas relativas a exposições em espaços públicos; e a exigir que os custos de uma exposição e as doações a coleções públicas tenham dedução no Imposto de Renda, bem como, que os custos de danos e roubos sejam reembolsados totalmente.

Maria Lucia Cattani, artista plástica e professora do Instituto de Artes da UFRGS e Nick Rands, artista plástico. 2001
O acesso ao logotipo APIC ! e às informações pode ser feito no site www.artewebbrasil.com.br

Este texto foi publicado no catálogo do Panorama da Arte Brasileira 2001, Museu de Arte Moderna de São Paulo.
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(...)Os descontentamentos advindos deste 47º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco são profusamente expressos através dos e-mails que circulam entre bolsistas contemplados. Invariavelmente, queixosos quanto ao tratamento amador e à completa ausência de justificação relativa ao abusivo atraso na liberação das mensalidades referentes ao financiamento dos projetos.(...)http://www.doispontos.art.br/tema_interno.php?cod=809

É certo que pouca coisa mudou desde 2001. Oito anos se passaram e continuamos enfrentando os mandos e desmandos de um país de cultura e herança coronelista.Atualmente, atrasos nos pagamentos da Lei Murilo Mendes em Juiz de Fora na gestão anterior acarretam prejuízos aos artistas, pois é claro que mão-de-obra parada gera despesa extras e contratos de execução adiados. Nessa situação, artistas veem-se prejudicados pois semearam em uma terra instável e se colheram, colheram produtos do desgaste e da crise.Alguns editais estao abertos para ocupaçao de galerias públicas em Juiz de Fora. Cuidemo-nos amigos! Impossível falar somente de flores e vinho.

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