Arte-educação - sobre musicalização de crianças, relato de experiência

O Projeto Canto-Orfeônico em Torreões de certa forma antecipa a resolução 7 de 14 de dezembro de 2010 do Conselho NAcional de Educação regulamentando a base nacional comum do currículo do Ensino Fundamental dessa maneira no Art. 15:
(...)§ 4º A Música constitui conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular Arte, o qual compreende também as artes visuais, o teatro e a dança,(...), e o
Art. 31 que institui sobre a formação dos professores do componente curricular Arte, do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental e o
(...)§ 2º Nos casos em que esses componentes curriculares sejam desenvolvidos por professores com licenciatura específica (conforme Parecer CNE/CEB nº 2/2008), deve ser assegurada a integração com os demais componentes trabalhados pelo professor de referência da turma.
Dentro desse processo e nesse sentido a escolha do tema foi direcionada por uma série de fatos: um pouco após ser encaminhada para a escola que fica numa periferia rural da cidade de Juiz de Fora-MG, formada por nucleação e atende aos alunos em horário integral, fui fazer uma visita à livraria da FUNARTE no Rio de Janeiro: sim, eu estava ali totalmente influenciada pelas grandezas públicas, sentindo-me herdeira,
parafraseando o Prof. Xavier (2009), das pessoas que o Ministro Gustavo Capanema conseguiu reunir em torno de um projeto(...) de educação e cultura: Lúcio Costa, Niemeyer, Portinari, Carlos Drummond de Andrade, Anísio Teixeira, pela urgência de um ensino de qualidade idealizado em 1931 com a implantação do sistema de educação musical liderado por Villa Lobos e a criação da Superintendência de Educação Musical e Artística(SEMA) e interrompido por motivos políticos, pela veemência de uma educação imperialista.
Lembrei-me que eu mesma entre os 7 e 8 anos de idade vibrei com o método ao ser educada por ele nas aulas de canto na escola e que infelizmente foram substituídas pela disciplina Moral e Cívica nos anos de chumbo da ditadura militar. Eu estava em busca de subsídios para o desenvolvimento de um projeto de musicalização na escola que utilizasse poucos recursos materiais -instrumento e voz- e que fizesse parte da minha memória afetiva e ao mesmo tempo fosse capaz de trabalhar desenvolvendo a formação de público e gosto musical voltado para a MPB.

Painel do projeto educativo de visitação do Palácio Capanema/ UNESCO
Lendo essa frase lá no Capanema: Ah! A gente sofre sem querê! Lembrei das notícias daquela manhã, Walter Alfaiate, o Majestoso do Samba estava morto e eu estava chateada: havia fotografado-o em agosto de 2009. Aquele era um homem que conseguia ser elegante até mesmo dentro de uma peixaria... dono de uma beleza profunda, de uma voz maravilhosa, uma alegria imensa, gentileza e uma luz... aah, a luz se apagou... ah! A gente sofre sem querê!!!


Walter Alfaiate e amigos do choro e do samba na peixaria do Bar da Fábrica em Juiz de Fora
assim publiquei no meu blog naquela semana:
SEGUNDA-FEIRA, 1 DE MARÇO DE 2010
+ EDUCAÇÃO, URGENTE!!!
Walter Alfaiate morreu e não posso deixar de registrar aqui. (...), sinto que ali estava uma personalidade da luz brasileira que se foi... o site Terra noticiou seu velório ontem, no Clube Botafogo e fiquei chocada com alguns dos comentários que li na reportagem.Em resposta a essas pessoas que considerarei vítimas de políticas educacionais ineficientes mostro um pensamento de Getúlio Vargas, gravado em alto relevo no hall do Palácio Gustavo Capanema, quando o Walter Alfaiate tinha aproximadamente 8 anos. Ele, se tiver tido acesso a escola pública em sua época naturalmente foi aluno das aulas de canto-orfeônico implantado por Villa Lobos como política de sensibilização humana e artística.
E inapelavelmente, decidi-me pelo Canto Orfeônico como metodologia para o ano de 2010. Ali, adquiri a reedição do método Guia Prático de Canto Orfeônico de Villa Lobos, edição FUNARTE 2009, ele - o método - formador dos nossos grandes compositores de MPB e oportunamente editado pela Academia Brasileira de Música após aprovação da Lei 11.769.

De tudo que estávamos tentando no antigo Distrito Federal, nada me parecia mais importante do que a integração da arte na educação popular(...) O que foram aqueles quatro anos não é fácil de contar. Villa Lobos fez-se educador de professores e crianças(...) ensinou múscia e canto-coral a quem jamais tivera qualquer iniciação musical(...). Um compositor de primeira grandeza, expressão genuína de seu povo e seu continente, saíra das salas de concertos e teatros e fora para as salas de aula, para a rua, fazer as crianças participarem do seu próprio trabalho de criação da música de um povo. Não sei de maior para nossa criação em uma cultura própria e autóctone. E não sei de iniciativa que jamais fosse tão bem sucedida quanto esta de confiar a um gênio da música a tarefa aparentemente modesta de ensinar crianças a cantar. Anísio Teixeira, apud Lago, 2009.
Temos mais necessidade de professores de senso estético do que de escolas ou cursos de humanidades. Villa-Lobos, apud Lago, 2009.
Então, o projeto interagiu dentro do plano político-pedagógico da escola - a construção no dia-a-dia de uma consciência física: corporal e coletiva, além de uma escolha criteriosa do repertório (que na minha concepção deveria ser diferente do universo sonoro do aluno –liderado pelo funk e o sertanejo) junto à memória patrimonial brasileira.

Foto e frase de Rodrigo de Mello Franco, criador e diretor do IPHAN
A arte é o espelho da pátria.O país que não preserva seus valores culturais jamais verá os valores de sua própria alma. Chopin apud Linhares, 2011.
Ao chegar na escola e receber uma sugestão de base curricular comuniquei à coordenadora minha decisão em trabalhar o tema das cantigas e ficou combinado que se os alunos aceitassem o método, tudo estaria bem. Então, parti para a terceira etapa: conversar com os alunos – tivemos uma longa conversa sobre Villa-Lobos e o tema das cantigas, contei-lhes um pouco da história e expliquei-lhes que se aprendêssemos o repertório da mídia, estaríamos repetindo e repetindo o que eles já sabiam. Essa não era a minha função ali... como professora eu deveria ensinar e interferir no sistema (educacional – para deixar o sistema cultural genuíno fruir através da memória patrimonial).
Combinados então, as turmas foram divididas e classificadas em contralto e soprano. Assim, foram nossos primeiros encontros...
Explorações, vivências e conversas sobre valores éticos, saúde, meio ambiente, pluralidade cultural, orientação sexual, trabalho e consumo, inseriram-se em nosso cotidiano e os objetivos foram alcançando suas metas para que estivéssemos em harmonia com o ser ecológico.

Relacionamos arte ao meio ambiente, investigamos e exploramos situações e relações, formulamos hipóteses, realizamos julgamentos que se justificaram no processo de experimentação e reflexão que a arte proporciona.
Desenvolvemos regras básicas para o relacionamento interpessoal; promovendo auto-confiança incentivando a relação de trocas fraternas consigo, com o outro e com o ambiente, plantando ações futuras de desenvolvimento regional, interligando-a arte, música, cultura e transversalidade na educação.


As atividades foram potencializadas em jogos expressivos com sons, ritmos, tempos, corpo e prontidão, para aceitar diferenças e diversidades.

A prática floresceu com as idéias de Villa-Lobos apoiadas na metodologia e partituras do guia-prático e também nas idéias de Carl Orff, a fim de orientar as reflexões no espaço de educação escolar enfatizando aspectos culturais, multiplicação de conceitos e linguagens da arte.
As idéias de Orff chegaram ao Brasil pondo em destaque o potencial expressivo das palavras( a qualidade musical, rítimico sonora das rimas e lenga-lengas) defendendo uma prática musical de conjunto, intuitiva, imediata, com ênfase nas atividades de criação. Santos,
Integrados ao contexto dos professores referência da turma e atualizados em reuniões pedagógicas mensais:

Olhaa oh Saciiii Pererêêê, resmungaandoo não sei o quêêê,,,,,,, Olhaa oh Saciiii Pererêêê, resmungaandoo não sei o quêêê,,,,,,, Olhaa oh Saciiii Pererêêê,res...ss
Contemplou-se a valorização local e regional: a escola é rural e funciona em ritmo integral...A pombinha fez seu ninho, para os seus ovos chocar... veio a cobra e come os ovos e a pombinha pôs-se a chorar...


Abriu-se o espaço para outras interpretações e linguagens artísticas
A função da arte na escola contemporânea é sobretudo a de organizar um espaço de cultura que possibilite a ampliação das expressões e das linguagens da criança e para isso Valmaseda (1995) aponta: "... a propriedade mais importante da linguagem é seu potencial criativo. Conhecer uma linguagem permite ao usuário elaborar um número infinito de produções" (p. 86). Então, assim produzindo, o agente social percebe não somente as transformações como se percebe agente transformador, capaz de flexibilizar seus pensamentos e relações e interações produzidas em seu próprio mundo, superando a capacidade de imitação, produzindo fatos e formando novas tensões sociais que o alimentam para outras formações estético-vivenciais.
Ainda em Santos (2009),
para Paynter (1983), um “bom planejamento” deveria “possibilitar mudanças na direção ou caminhos alternativos para lidar com linhas inexperadas de exploração que possam advir dos alunos(idem, p.43). Isso tomando-se “um princípio unificador que liberte o potencial musical em várias direções e ainda assegure a abordagem de conceitos musicais, sem nenhuma fragmentação” (Idem, p.66).
E seguimos cantando:Pombinha voou voou, caiu no laço e se embaraçou, pois me dá um abraço que eu desembaraço a minha pombinha que caiu no laço!!!...
Rola pombiiinha lá do telhaadoo...rola pombiiinha lá do telhaadoo, veio o pombinho e pôs-se de laado (exemplos de solidariedade, cuidado e auto-cuidado).
Aqui, um outro exemplo do conceito de Paynter:
Pombinha branca-ca que está fazendo-do??? Lavando roupa-pa pro casamento-to(...) Reparem,
essa é uma música do folclore local e todas as crianças da região cantam-na... e me ensinaram. Acrescentamo-la na primeira apresentação do coralito, do da Ed. Infantil ao Primeiro Ano ( que fizeram o mesmo repertório).


Elliot Eisner (apud Barbosa, 1991, p. 36, 37) assim correlaciona: (...) as quatro mais importantes coisas que as pessoas fazem com a arte: elas a produzem, elas a vêem, elas procuram entender seu lugar na cultura através do tempo, elas fazem julgamento acerca de sua qualidade. Para Ostrower (1977)...o ato criador abrange, portanto, a capacidade de compreender, e esta, por sua vez, a de relacionar, ordenar, configurar, significar" (p. 9).
O canto interagiu como elemento musicalizador. O cancioneiro folclórico infantil é de grande riqueza melódica e utilizei o Guia prático a fim de preservar expressões vitais da comunidade rural inundada pelas melodias midiáticas(preparadas para serem fáceis de serem cantadas e ouvidas) atual, pouco relevante em relação à necessidade de elevação da qualidade na formação de público no que tange ao desenvolvimento cognitivo e aquisição de memórias relativas às funções mentais do conteúdo musical, porém, procurando não descuidar do aspecto afetivo-emocional.
Assim, o aluno poderá desenvolveu sua competência artística nas diversas áreas da arte, tanto para produzir trabalhos pessoais e grupais, quanto para progressivamente, apreciar, desfrutar, valorizar e julgar bens artísticos de distintos povos e culturas, produzidos ao longo da história e na contemporaneidade.
Na avaliação: o aluno desenvolveu sensibilidade, percepção e imaginação, realizou formas artísticas, apreciou e reconheceu e valorizou formas produzidas por ele e pelos colegas.
Essa noção é de que , nas formas superiores do comportamento humano, o indivíduo modifica ativamente a situação estimuladora como uma parte do processo de resposta a ela. Foi a totalidade da estrutura dessa atividade produtora do comportamento que Vigotsky tentou descrever como termo“mediação”. Vigotsky, p.18


O conteúdo foi enraizado pela diretriz humanística e por procedimentos pedagógicos que visaram fomentar manifestações estético-culturais com vistas à reflexão: enriquecemos nossa habilidade em ouvir, interpretar, improvisar, compor. teatralizamos o conteúdo das músicas do livro Mistérios da Pindorama, de Marion Villas Boas.


Resenha: O Livro e o CD permitem trabalhar com várias formas de expressão: literatura, artes plásticas e artes gráficas - para atingir seu objetivo principal de proporcionar ao leitor/ouvinte oportunidades de diversão e de apreciação artística, de conhecimento sobre as manifestações culturais brasileiras e, também, de reflexão sobre os problemas ecológicos que ocorrem em nossas matas. Ed. Biruta.
Usamos roupas das apresentações anteriores das oficinas de dança e as transformamos em fantasias para nosso teatro musicado(seria afinal, uma preparação para uma ópera?). Diz-se que em ópera devem-se ter as linguagens do corpo e as visuais bem aparadas para depois introduzir-se o canto... dito por Daniela Thomas sobre a Ópera Rigoletto, de Verdi, em processo de estréia em SP ...

Assim, arte-produto na educação justificou-se através do amadurecimento do conhecimento e no filtro individual e coletivo propriciado pela arte-processo:

(nesse caso, músicas legendadas da turma da Mônica, de Maurício de Souza, interligando música, arte e literatura, através do youtube)
A utilização de vídeos educativos e do youtube foram um recurso adicional, implantado como alternativa e de grande interesse dos alunos, trazendo amplitude na discussão sobre técnicas, cultura e diversidade, aproximando o diálogo entre a arte-educação e o universo da cultura e da literatura infantil (nesse caso, Mônica, de Maurício de Souza), para o prazer de conhecer e cantar a música popular brasileira por compositores como Ary Barroso (Aquarela Brasileira nos desenhos da Disney), Dorival Caymmi (Tia Nastácia), Geraldo Azevedo (Sabor Colorido), Vinicius de Morais e Toquinho (em Arca de Noé), Baby Consuelo (Boneca Emília); Daniela Mercury (Minas com Bahia), Geraldo Azevedo (Sabor Colorido), ambas propiciando a transversalidade com o tema educação sexual para alunos do 5 Ano; Martinho da Vila (Vendaval), para o tema trabalho e consumo e outros que escutamos: Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gilberto Gil além de exemplificar músicos profissionais de sucesso, no sentido de contrariar a afirmação abaixo, mostrando outros caminhos:
“(...) nós somos discriminados várias vezes: por semos pobres, por sermos pretos e estudarmos em escola pública,(...) Alessandra de Fátima Lopes da Silva, apud Costa, p.119.

assistimos no youtube na Semana da Valorização da Cultura Negra: D. Ivone Lara Negra Li e Walter Alfaiate na Cidade do Samba, Seu Jorge, Stevie Wonder and Ray Charles (já introduzindo o jazz e a continuação da boa música), Gonzaguinha e Luiz Gonzaga – aulas no youtube de berimbau – e Clementina de Jesus, no Teatro São Paulo com a música Marinheiro. Aprendemos o toque do berimbau para nossa apresentação simbólica de capoeira, junto com instrumentos de percussão: bongô, pandeiro, chocalhos - enfim, uma preparação para a aceitação definitiva de um gosto musical refinado e instigante.
(...) autonomia através da prática, da situação real, do corpo-acorpo com a realidade, a partir da participação ativa, crítica e democrática em seu entorno social. As relações escola comunidade(...) as ações no campo do meio ambiente, da saúde, da promoção da qualidade de vida, da cultura, do esporte e do empreendedorismo são exemplos típicos de áreas onde esse tipo de participação juvenil pode ser exercido de modo pleno.



No campo do desenvolvimento pessoal(aprender a ser), a prática do protagonismo contribui para o desenvolvimento do senso de identidade, auto-estima, do autoconceito, da autoconfiança, da visão do futuro, do nível de aspiração vital, do projeto e do sentido da vida, da autodeterminação, da auto-realização e da busca da plenitude humana por parte dos jovens. Costa, p.23.

Sabemos que a educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética, que caracterizam um modo próprio de ordenar e dar sentido a experiência humana. Esse conhecimento poderá ser aplicado por toda a vida pois através das vivências eles compartilharam momentos em que foram cultivadas oportunidades para pensarem sobre si, sobre o outro e sobre sua forma de interação no microcosmo social da escola, da família e das atividades de lazer.
A música de uma cultura é um sistema simbólico com seus próprios aspectos de forma e conteúdo, e se uma criança tem certo contato com certos exemplos de música(...), ela deverá ser capaz de assimilar, senão dominar, as propriedades gerais de um sistema musical. Gardner, p.209.


Apresentação no Clube Piriá, de Torreões. FestLer, evento do calendário municipal para incentivar a leitura. Aqui, o grupo canta Tia Nastácia, Dorival Caymmi. Ao fundo, o primeiro capítulo do Sítio do Picapau Amarelo, Monteiro Lobato, que rendeu-nos boas conversas sobre o racismo e a discriminação, na ordem dos acontecimentos junto ao episódio da reedição do autor para distribuição nas escolas através do programa do livro...(parâmetros curriculares nacionais – ética e consumo).
Esses aspectos configuraram uma educação voltada para o desenvolvimento de uma positividade cultural e uma liberdade de pensamento onde a questão estética transportou-se para a vida do aluno, preparando-o para o entendimento e para a resolução, tornando-o cidadão consciente de si e espelho para o outro, sapiente de seus direitos e deveres enquanto cidadão em aprendizado constante, aptos a praticar ecologia humana.
Não há como separar avaliação de ensino, não há como pensar
avaliação de alunos sem que se tenha claro o papel da educação na vida das pessoas. A estrutura e a dinâmica das escolas, com vistas à formação de pessoas, de cidadãos, deveriam mostrar-se como uma orquestra, a fim de apresentar no final do concerto, pelo menos até certo ponto, uma obra harmônica e com sentido. Cada instrumento com seu papel, cada disciplina com seus objetivos integrados e harmonizados no conjunto, em função de metas mais amplas a atingir. Gatti, 2003.

Logo, conhecimento e a sensibilidade encontraram-se a fim de desenvolver o afeto e a emoção a favor da inteligência social. Em consequência, sugestionamos a geração de círculos de convivência equilibrados e tranquilos, repletos de auto-confiança, auto-estima e amor-próprio para viver em uma sociedade que está em contínuo aperfeiçoamento.
Várias apresentações foram feitas, nos meses de maio, junho, agosto, outubro e em dezembro fizemos o Auto de Natal, Teatro Musical novamente –integradas ao calendário de festividades da escola, do município, sem contar as tantas vezes que saímos cantando pelas ruas do bairro, em serenata aos moradores.


Apresentação Centro Cultural Bernardo Mascarenhas, outubro, Mostra de Arte de alunos da Rede Municipal de Ensino
A aplicação de uma metodologia avaliativa imersa na pedagogia da inclusão que segundo Maria Teresa Esteban vislumbra a escola como uma zona fronteiriça de cruzamento de culturas foi a adotada, com registros em fotografias e relatório final interessados na qualidade da relação ensino-aprendizagem-arte-desenvolvimento-cognição-criação-afeto, porque cultura e cidadania precisam ser vistas como desenvolvimento humano e possíveis geradores de frutos simbólicos e coletivos que perpassam a vida, gerando mudanças e inclusão social, dentro da pluralidade cultural. Dentro desse processo foi impossível avaliar os alunos e deixar me influenciar pelas suas observações, continuamente, sem avaliar a mim mesma.
Digo que essa experiência foi tão intensa que no encerramento do ano sofri um acidente que me imobilizou por 5 meses. Esse ano quando voltei pude ver as sementinhas plantadas..., elas estão viçosas e cheias de graça. A inclusão de o de instrumentos de sopro, violão e percussão nos permite trabalhar a formação de “prática de orquestra”( o objetivo é intensificar a formação de grupos musicais, através do protagonismo juvenil, na comunidade. Alunos em níveis avançados estão sendo dirigidos musicalmente e incentivados a mostrar seu “artístico-produto” e tornando-se exemplos para aqueles que virão.

Festa do Cavalo, apresentação de dupla sertaneja tradicional da cidade de Juiz de Fora e região e 2 alunas da escola, de série mais avançada, protagonizando a música, no Distrito de Torreões.
Agora, também avaliamos nossas “performances” escolares usando vídeos que fazemos durante as aulas. Envio alguns, em anexo.
Então, encerro aqui, na frase de Platão:
Tente mover o mundo - o primeiro passo será mover a si mesmo.
Obs.As aulas foram desenvolvidas em módulos de 50 minutos cada, exceto o Terceiro Ano B e Segundo Ano.
Entrevista da Prof. Renata Rainho, moradora da comunidade do Distrito de Torreões e educadora na Escola, em 21 de setembro de 2011 22:24, renata-rainho escreveu:
Cristina, Segue a entrevista. Fui sincera, espero que útil.Boa sorte.Bjs Renata

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