sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Villa-Lobos, moderno contemporâneo pós-moderno.

Villa-Lobos deixou-se influenciar por todos até então e influenciou a todos da sua geração em diante, à partir de 1930. Grande pesquisador da música popular brasileira, transformou-a em seus arranjos composicionais em arte genuinamente brasileira e referência para compositores mundiais, do popular ao clássico(erudito,na minha época), do jazz à bossa nova, introduzindo novos elementos ao choro e preparando-o para o samba e seu ritmo marcado.

Grande cabeça iluminada da e na educação brasileira, propositor do canto-orfeônico nas escolas, um novo e elevador elemento instrucional capaz de mexer com a sensibilidade e o fazer nas escolas da época - essas aulas de canto eu tive até os 9 anos, 1978, na Fundação Educacional Machado Sobrinho, colégio que estudei e que completou 100 anos no ano passado. Infelizmente essas aulas foram substituídas por Educação Moral e Cívica, no regime militar, através de decreto.

O motivo do decreto, provavelmente porque seu programa político pedagógico para música nas escolas formavam pensamento de base. Tendo sido comparado por José Celso Martinez Correia um dos maiores encenadores de Brecht no Brasil à Peça didática da Escola Brechtiana de Teatro.

Comentaram a comparação Koudela e Santana(2007),... uma educação política que pratique a educação estética que leve a sério a formação política terá de esforçar-se para ganhar uma consciência capaz de superar a diferença entre a esfera do estético e a do político no seu conceito de cultura,... no qual o ator Mauro Mendonça (2009) ilustra com seu discurso direto e prático, dessa forma: ... logo o Zé Celso Martinez Corrêa também voltaria assim. Era mais um diretor que ia à Europa e vinha doidão de lá. O fato é que todos eles acabavam assistindo ao Berliner Ensemble, da Alemanha Oriental, que fazia teatro social evidentemente marxista, sob o prisma de Brecht, e se fanatizavam pela crítica à burguesia e ao capitalismo. E aí, fazer certos autores criava um tipo de confusão política, estética e artística, inclusive no público e na crítica ( o público não aceitando ser julgado e a crítica julgando contra).

Aliás, estética e política e sua interrelação serão tema da Bienal de Artes de São Paulo para esse ano, mostrando a contemporaneidade e força de um tema que sempre esteve presente no mundo da arte e dos artistas.

Mas voltando à Villa-Lobos, sem dúvida, um gênio da música brasileira e mundial. Quem já o tocou pode dizer que senti-lo nos dedos é ter diversos gênios mundiais da música em acordes. Como em Nesta Rua, A Canoa Virou, O Cravo Brigou com a Rosa e a série Bachianas Brasileiras e o Trenzinho Caipira. E num momento de nostalgia confesso a saudade dos tempos de Conservatório (tempos inocentes) no Estadual de Música Haidée França Americano, onde aprendi a tocá-lo e admirá-lo. Hoje porém, meus dedos destreinados tocam mais é este teclado, nesse momento entre a arte e a política, à favor da educação e da cultura.

Referências:
KOUDELA, Ingrid Dormien & SANTANA, Arão Paranaguá de, Cursos de Arte: novos caminhos. Abordagens metodológicas do teatro na educação in trajetórias Políticas para o Ensino das Artes no Brasil: anais do XV CONFAEB. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, Ministério da Educação e UNESCO, 2009, pág 213.
MENDONÇA, Mauro & Renato Sérgio. Em busca da perfeição. Imprensa Oficial, SP, 2009.

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