1937
Portinari decide executar os murais do Ministério da Educação em afresco, técnica ainda pioneira no Brasil.
Muitos anos mais tarde, em 1981, Mario Pedrosa escreverá: “Ele não chegou ao afresco por um simples incidente exterior, como se poderia pensar. Não foi o conhecimento dos murais de Rivera ou de seus êmulos no México que provocou no pintor brasileiro a idéia ou a vontade de fazer também pintura mural. Muita gente estranha à sua obra poderá pensar que o muralismo foi apenas um eco retardado do formidável movimento mexicano. Não o foi. Pela própria evolução interior de sua arte pode-se ver que foi por assim dizer organicamente, à medida que os problemas de técnica e de estética nele iam amadurecendo, que Portinari chegou diante do problema do mural. Foi como problema estético interior que pela primeira vez o abordou. Depois das figuras monumentais isoladas e do segundo Café, a experiência com o afresco se impunha naturalmente, como próximo passo. A possante figura em têmpera — a Colona —, feita em 1935 com o Café, do qual é um detalhe, mostra que Portinari queria o plástico monumental”. (28).
Tendo como colaboradores alguns de seus alunos da UDF, Portinari dedica-se aos estudos para os afrescos do Ministério. Recém-chegado ao Brasil, Enrico Bianco, jovem pintor italiano de 18 anos, lhe é apresentado. Apesar de muito jovem, Bianco tivera sólida formação no ofício de desenhista e pintor. É logo notado por Portinari, que o convida para ajudá-lo, em regime de tempo integral.
Até morrer, Portinari terá em Bianco seu mais importante colaborador, que deu sobre o pintor este depoimento: “Conheci Portinari bastante bem, apesar de ele ser um homem bastante fechado. Devo-lhe a minha paixão pelo Brasil. Ele foi, por assim dizer, a ponte pela qual me foi possível atravessar da velha cultura européia para a jovem e tropical cultura brasileira. Portinari era exatamente a síntese das duas, era um nobre florentino nascido no mato, um homem da esquerda que pintava operários vestido com colete de brocado, e ainda assim era profundamente honesto”. (29).
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